

A origem do amor
Conta à lenda que os humanos
Eram seres bem complexos:
Tinham num só corpo, unidos,
Duas cabeças, dois sexos.
... Quatro mãos e quatro pés
E rapidez assombrosa.
Essa raça homens-mulheres
Era muito poderosa.
Semelhantes a uma bola,
Para a frente e para trás,
Como raios de uma roda,
Girava em saltos mortais.
Era uma raça invejosa,
De ambição desenfreada,
De aparência monstruosa
E de força ilimitada.
Os seus sonhos de grandeza
Deste plano iam além:
Conquistar a natureza
E o firmamento também.
Planejava ao céu subir
E os deuses atacar,
Todo o poder assumir
E o planeta dominar.
Mas Júpiter descobriu
O golpe desses velhacos
E na metade os partiu
Para torná-los mais fracos.
A partir desse momento,
Para sempre os separou
E cada uma das partes
Em um ser se transformou
Sendo ao meio dividida,
A raça se enfraqueceu.
E o dobro do sacrifício
Aos deuses ofereceu.
E hoje vivem soltos
Pelo mundo a procurar
A sua outra metade
Tão difícil de encontrar.
Buscando-se um ao outro,
Com desmedida avidez,
Consumindo-se num desejo
De se encontrar outra vez.
Esse anseio, esse desejo
De achar, seja onde for,
E reunir os dois sexos,
É o que chamamos de amor.
(Platão - por Samantha Suellen –
Quadro: verdadeiro amor Leonid Afremov 1955)
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